quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Tolerância e outras vontades

No quarto sem janelas, no quarto com muitos livros, no quarto com um pouco de poeira, ele fazia algo que sempre soube fazer: Pensar na sua vida. Tinha deixado na cama, um jornal do dia, com as noticias que ganham proporções alarmantes, manchetes que as vezes pecam no título e a segunda edição de um livro de crônicas qualquer. O café com o gosto de sempre, dessa vez sem cigarros, o ar mais limpo e as ideias em ordem. Pensou na solidão de sua vida e no vazio que estava sendo preenchido em seu coração. Tantas coisas já viveu, tolerou e por mais satisfatório que fosse o momento, as vontades vinham, mas não faziam o efeito necessário. 

Jurou naquele instante, mudar sua rotina, abraçar algumas ideias, rever velhos amigos e seguir com seu plano pessoal. Pensou no amor como um todo, levantou a bandeira branca da paz, paz interior, paz necessária para perdoar-se dos pecados mais íntimos que ele tivera. Achou que assim, livre de correntes emocionais, ele poderia zerar o contador de visitas, zerar a cota de emoções guardadas e com tudo novo ou renovado, doar-se ao novo, sem medo, mas temeroso, paciente, mas não tão quieto, cauteloso, mas extremamente envolvido. Coisas que só ele poderia fazer para sentir-se disposto a viver, sonhar e quem sabe ter apenas alegrias vibrantes que suprem os atropelos de dias difíceis. 

Lembrou de como ele ama, da sua maneira particular de dizer o que sente, as vezes na lata, esperando ansiosamente a reciprocidade da sua ação voluntária. Corrigiu isso com a tranquilidade de uma nuvem, apostou todas as suas fichas nessa nova personalidade que de base forte para imitar ele não conhece ninguém, mas existem pessoas assim, que toleram certas coisas, abrem mão de suas vontades, brigam por tanto querer algo ate conseguir e muitas vezes manter. O mundo é um campo de batalhas, onde somos os guerreiros que perdem e ganham constantemente. Seria uma tolice viver esperando um amor, onde á cada dia ele surge de onde menos esperamos. Outra tolice é acreditar que com o passar do tempo uma suposta emoção possa ganhar nome de amor, sendo ela fraca, meramente carnal, algo que se melar muito com mel azeda fácil. Pensar nunca é de mais, pensar em momentos de solidão passam a garantia que livres de outras emoções podemos analisar nossas atitudes, compreender melhor nossa postura e melhorar, sempre e a cada dia. 

É válido esperar pelo amor, querer a todo custo esse sentimento bonito, limpo e gratuito, temos esse direito, mas existe uma caminhada longa, e quando encontramos, depois de sinais de fortalecimento e sabendo que sempre existirá uma linha tênue que segura o real do emocional,  teremos que ser fortes e honestos com tudo que pensamos e fazemos para não pecar no ato de romper esse elo, fácil é ficar com muitas pessoas mundo a fora, difícil é ter que manter a chama que aquece o coração. Pode parecer uma coisa sem base tudo isso que ele pensou, mas desde que o mundo é mundo e as pessoas buscam uma paz interna que as coisas são assim. Tolere seu dia ruim, passe por cima como quem queira destruir uma rocha, tolere seu mal-humor, ele sempre vem quando menos se espera e sobre suas vontades, nada mais prazeroso do que dividir com alguém que compreenderá e vai compactuar para que elas sejam intensas. 







 
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